[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Charles Henry Mackintosh
Quase todo o povo de Deus sabe da importância da página impressa na divulgação da mensagem do Evangelho e da sã doutrina cristã. Um que reconheceu este fato era o escritor “C. H. M.” cujo nome era e é conhecido entre muitos evangélicos. É impressionante notarmos que mesmo cento e oito anos depois da sua morte o ministério bíblico deste dedicado servo de Deus continua sendo espalhado mundo afora pela página impressa.
Charles Henry Mackintosh nasceu no quartel militar de Glenmalure, Condado de Wickmore, Irlanda, em outubro de 1820. Era filho de um capitão de um regimento escocês baseado na Irlanda naquela época.
Sua mãe era irlandesa, de uma família antiga da região. Converteu-se aos 18 anos de idade através de cartas que sua irmã lhe enviou. Recebeu plena certeza da salvação pela leitura de um livro escrito por J.N. Darby em 1837, chamado Operações do Espírito. Ficou especialmente impressionado pelas palavras: “É a obra de Cristo por nós, e não a Sua obra em nós, que traz a paz”. John Darby veio a se tornar (humanamente falando) a maior influência na vida de C. H. Mackintosh. Que este influência trouxe grandes bênçãos, não há dúvida. Anos mais tarde, por exemplo, foi através da pressão feita por Darby que C.H. Mackintosh retirou certas expressões de opinião que tinha deixado publicar acerca da humanidade celestial de Cristo e que, por serem mal pensadas, chegavam perto de ser heresia. Quanto à doutrina da igreja, porém, em minha opinião, Mackintosh foi bem menos feliz ao seguir as idéias de Darby, pois este, após 1848, deixou de lado a simplicidade das escrituras quanto à autonomia administrativa da igreja local, a necessidade de anciãos reconhecidos e outros assuntos semelhantes.
C. H. Mackintosh por um período trabalhou num escritório em Limerick, ao leste do país. Depois, entre os anos 1844 e 1853, se dedicou ao magistério em Westport, que está localizada também ao leste da Irlanda mas mais para o norte. Abriu uma escola e tinha muito entusiasmo neste serviço. Todavia, seu entusiasmo para a obra do Senhor era maior ainda e, como resultado, em 1853 dedicou todo o seu tempo à obra do Senhor, tendo Dublin, a capital da Irlanda, como base.
O primeiro folheto de C.H. Mackintosh foi publicada em 1843 e, daquele ano em diante, se dedicou muito ao trabalho de escrever livros, folhetos e artigos de proveito para o povo de Deus. Quando publicava alguma matéria a assinava simplesmente “C.H.M.”, como era costume entre estes irmãos. Usavam apenas as primeiras letras dos seus nomes para se identificaram. Assim na segunda metade do século 19, o nome “C.H.M.” se tornou conhecido em muitos lares evangélicos. Sua obra principal, sem dúvida, é seu comentário em seis volumes sobre o Pentateuco (o comentário de Deuteronômio é de dois volumes). Estes livros foram publicados na segunda metade da década de 1850. As traduções em língua portuguesa foram feitas pelo irmão Feliciano H. dos Santos e os seis volumes foram publicados em Lisboa pelo “Depósito de Literatura Cristã” a partir de 1965. Recentemente, uma nova edição foi publicada pelo “Depósito de Literatura Cristã” de Diadema, S.P.
É interessante notar a reação para com estes livros quando foram originalmente publicados em inglês. O grande pregador C.H. Spurgeon (1834-1892), no seu livro “Commenting and Comentaries” (Comentando e Comentários), apesar das pesadas criticas contra o darbismo que imaginava ver nos livros (não era fã de J.N.Darby!), coloca estes livros entre os mais importantes comentários sobre o Pentateuco. Acerca de “Estudos sobre o livro de Gênesis”, por exemplo, Spurgeon diz: “Reflexões preciosas e edificantes”. O volume sobre Êxodo descreve-o como “notavelmente sugestivo” enquanto o de Levítico é “freqüentemente sugestivo”.
Um outro livro escrito por C.H.M. nesta época e também vertido para o português é “Exemplos da Vida de Fé na Vida e Época de David”. C. H. Mackintosh se esforçou muito também na pregação da Palavra de Deus, sendo especialmente usado por Deus nos anos 1859-60, quando houve um grande avivamento na Irlanda. Na região de Dublin muitas almas foram convertidas e foi uma época de alegria para C.H.M. e seus co-obreiros, tal como o não menos notável J.G. Bellett (1795-1864). Neste período também publicava uma revista chamada “Things New and Old” (Coisas Novas e Velhas).
Era um homem de muita fé. Sua filosofia de vida é explicada pelas palavras que certa feita escreveu: “Dar conhecimento das minhas necessidades, direta ou indiretamente, a um ser humano, é sair da vida de fé e uma positiva desonra a Deus. É, na verdade, traí-lO. Equivale a dizer que Deus falhou comigo e que preciso pedir socorro a um amigo. É abandonar a fonte de águas vivas e voltar-me para uma cisterna rota. É colocar a criatura entre a minha alma e Deus, privando a minha alma de rica benção e a Deus da glória a Ele devida”.
C.H. Mackintosh morou em Dublin por quase quarenta anos. Perto do fim deste tempo, em 1888, um jovem engenheiro inglês, chamado S.E. McNair, foi enviado por seu patrão para Dublin a fim de cuidar do assentato de uma pequena instalação de bondes elétricos em volta de uma fábrica de bebidas. Ficou oito meses lá e fez amizade com C.H. Mackintosh, tomando chá junto em média de cada quinze dias. Mais de sessenta e cinco anos mais tarde, Stuart McNair lembrava-se de um incidente especial: “O sr. Mackintosh era notável pelo seu amor fraternal. Um dia, quando toquei a campainha, foi ele mesmo quem abriu e ali na entrada, de pé, contei-lhe que tinha a impressão que Deus me chamava para servi-lO na América do Sul. Em seguida, ele pôs as mãos sobre a minha cabeça e impetrou a benção divina sobre meu futuro serviço aqui. E creio que esta oração tem sido abundantemente respondida” (Mais Reminiscências, pág. 3).
Durante os últimos quatro anos de sua vida, C.H. Mackintosh residia em Cheltenham na Inglaterra, e, mesmo estando fraco demais no fim para pregar publicamente, continuava seu ministério por escrito. Seu primeiro folheto em 1843 tinha como título: “A Paz de Deus”. Seu último manuscrito foi chamado: “O Deus da Paz”. Dormiu no Senhor em plena paz no dia 02 de novembro de 1896 e foi sepultado quatro dias mais tarde ao lado do túmulo de sua amada esposa. O Dr. W.J.P. Wolston , de Edinburgo, pregou no cemitério acerca do sepultamento de Abraão, lendo Gênesis 25:8-10 e Hebreus 8:10. Antes de irem embora, os irmãos cantarem um hino de J.N. Darby acerca da paz e beleza do céu.
Estando morto, C.H. Mackintosh ainda fala. Até a volta de Cristo, teremos o privilégio de ler o seu ministério, e, quem sabe?, talvez até durante a Tribulação os seus escritos trarão conforto aos santos daqueles dias terríveis!